Algarobeira
ORIGEM DA ALGAROBEIRA
Aspectos gerais da cultura
Principais rotas da expansão da algarobeira no mundo, a partir das Américas.
FONTE: Pasiecznik (2001)
Os algarobais constituem uma importante fonte de renda para os povos de zonas áridas e semiáridas sul-americano; seu uso remota desde a antiguidade, há mais de 8000 anos. Sementes de algarobeiras originária do deserto no Peru se espalharam pelo México, Estados Unidos, Índia, África do Sul e Austrália, Jamaica e Havaí. Nos últimos 200 anos o gênero Prosopis, do Sul e da América Central, tem sido distribuído em regiões secas do mundo e agora espalhado em regiões áridas e semiáridas do leste da áfrica, África do Sul, Paquistão, Índia, Brasil e Autrália (CHOGE et al. 2007; ROIG, 1993). Segundo AZEVEDO, 1960, 1961; GOMES, 1961, sua introdução no Brasil data de 1942, em Serra Talhada, Pernambuco, com sementes procedentes de Piura, Peru, por intermédio da Secretaria de Agricultura desse estado, por recomendação do J.B. Griffing, diretor da Escola Superior de Agricultura de Viçosa, Estado de Minas Gerais. Duas introduções adicionais foram feitas em Angicos, Rio Grande do Norte, em 1947, com sementes do Peru e, em 1948, com sementes oriundas do Sudão (AZEVEDO, 1955).
Principais espécies de algarobeira Existem, no mundo, cerca de 44 espécies de Prosopis distribuídas nas Américas, Ásia e África, principalmente nas áreas quentes, de baixa pluviosidade e distribuição irregular de chuvas. América do norte: P. glandulosa, P. pubescens, P. veluntina; América Central / América do Sul: P. abbreviata, P. Alba, P. affinis, P. articulata, P. caldenia, P. calingastana, P. chilensis, P. cinerária, P. ferox, P. flexulosa, P. hasslere, P. juliflora, P. kuntzeil, P. laevigata, P. nardubay, P. nigra, P. pallida, palmeri, P. panta, P. pugionatta, P. rubiflora, P. rúscifolia, P. tamarugo, P. tamaruya, P. torquat e P. vinalillo. Africanas e asiáticas: P. africana, P. cinerária, P. pallida (Burkart, citado por AZEVEDO, 1961).
As espécies do gênero Prosopis apresentam grande resistência à seca e à salinidade, mas têm tem alta capacidade de fixar nitrogênio ao solo, os frutos são ricos em carboidratos, proteínas e minerais.
No mundo
BURKART, 1976a, citado por (LIMA & SILVA, 1991), em trabalho sobre Ocorrência sub-espontânea de uma Algaroba no Nordeste Brasileiro em 1991. O gênero Prosopis originou-se na África Tropical, onde a P. africana é uma última espécie que ainda persiste.
Ainda, de acordo com o autor, em épocas remotas, ancestrais de Prosopis migraram da África para a América (baseado na teoria de que os continentes eram ligados) e originaram dois polos de evolução: um na região México-Texana e outro na região Argentina-Paraguai-Chile 1976a. Diversos fatores indicam que, na América, o centro principal de dispersão de Prosopis é a Argentina (BURKART, 1976a). Das 40 espécies endêmicas da América, nove são da América do Norte e 31 da América do Sul. Destas, 29 são encontradas na Argentina, tendo sido classificadas mais de 20 como endêmicas (KARLIN & AYERZA, 1982). BURKART (1976a) relatou apenas 13 espécies como endêmicas da Argentina.
No Brasil
A maior distribuição do gênero se encontra na região Nordeste, com reflorestamento de P. juliflora, procedente, inicialmente, do Peru. (AZEVEDO, 1955) classificou as plantas de P. juliflora existentes no Brasil conforme a procedência. Aquelas introduzidas em Serra Talhada, Pernambuco, em 1942 e em Angicos, Rio Grande do Norte, em 1947 foram consideradas provenientes do Peru e aquelas introduzidas em Angicos, em 1948, provenientes do Sudão. Apesar de alguns autores afirmarem que as plantas introduzidas em Serra Talhada, em 1942, tenham sido destruídas, por terem espinhos, ainda se encontram na Fazenda Saco, da Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Pernambuco (IPA), algumas remanescentes daquele plantio. Após essas introduções em Serra Talhada e Angicos, a espécie P. juliflora se expandiu pelos demais estados do nordeste.
Potencialidades econômicas
A algaroba, além de sua perfeita adaptação às condições de solo e clima no semiárido brasileiro, oferece potencialidades econômicas que poderão contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento destas regiões. Oriunda de regiões áridas e semiáridas do planeta, a espécie (Prosopis juliflora) predomina em quase todos os estados do Nordeste brasileiro. Essa leguminosa de rápido crescimento, resistente a seca e elevado potencial energético, possui inúmeras aplicações e usos no meio rural desde a antiguidade.
Benefícios ambientais
As cidades do semiárido nordestino são quentes e secas, enquanto que as áreas povoadas com algaroba formam extensos algarobais, constituidos por plantas sempre verdejantes, de porte elevado, frondosas e carregadas de vagens doces e aromáticas, criando um microclima e amenizando a temperatura dessas regiões. Caracteriza-se como uma das mais importantes fontes energéticas durante o período crítico de estiagem no Nordeste Brasileiro. Essa característica é de extrema importância, uma vez que a precipitação pluviométrica média anual dessa região gira em torno de 750 mm e, embora seja baixa para outras espécies vegetais, já é 7,5 vezes maior do que essa espécie necessita para ocorrer.
Devido a essa pequena exigência em água, comprovada capacidade de crescer em solos de baixa fertilidade e de condições físicas imprestáveis a outras culturas, evidencia-se as grandes potencialidades desta leguminosa como fonte geradora de alimentos para o homem e para os animais, constituindo-se em importante fonte de desenvolvimento para as regiões áridas e semiáridas.
Além das características mencionadas acima e das suas múltiplas aplicações e usos, dezenas de outras características importantes comprovam a viabilidade do seu cultivo nas propriedades rurais do semiárido nordestino. Popularmente conhecida por seus entusiastas como "PLANTA MÁGICA", seu valor é precioso para o semiárido nordestino e tem sido recomendada por conceituados pesquisadores e técnicos da área para a região do polígono das secas.
Aspectos botânicos
Sistemática - A algarobeira está classificada, segundo BARROS et al. (1981), da seguinte forma:
FAMÍLIA ...........................................Leguminosae
SUB-FAMÌLIA...................................Mimosaceae
GÊNERO...........................................Prosopis
ESPÉCIE............................................Prosopis juliflora (Sw) DC.
Morfologicamente a algarobeira apresenta as seguintes características:
Sistema radicular - Em geral a sua sua raíz principal chega a atingir grandes profundidades, pois, sendo uma planta de regiões áridas, busca encontrar o lençol freático, retirando água do subsolo para a superfície. Essa essência espalha também um bom número de raízes no subsolo. Todas as espécies de Prosopis podem sobreviver em áreas com baixa precipitação anual ou períodos secos muito prolongados. Suas raízes podem captar água do solo ou outras fontes de água permanentes dentro dos primeiros anos. Sendo as espécies adaptadas a climas áridos e semiáridos, a germinação, geralmente acontece durante a estação chuvosa e mudas devem ser estabelecidas suficientemente bem para que sobreviva a primeira estação seca. A existência de dois sistemas de raiz, uma raiz pivotante funda para alcançar água do subsolo e um tapete de raízes laterais de superfície para absorver águas das chuvas infrequentes.
Folhas - São compostas, bipinadas, de inserção alterna, 1 juga, e poucas vezes 2 jugas, folíolos de 6 a 30 jugas, linear-oblongas, separadas entre sí por longos ráquis.
Flores - Inflorescências em espigas axilares cilíndricas de 7 cm de comprimento; o cálice possui forma tubular e de cor verde-amarelo-claro, 1,5 mm de largura, com sépalas em forma da campânula; a corola é composta de 5 pétalas de cor verde-claro, amarelada, com 3 mm de tamanho e piloso nos lados; possui 10 estames estendidos, de cor amarelo-laranja, contendo nas extremidades as anteras de cor marrom e com 4 mm de comprimento; o pistilo único e com forma delgado, curvado, branco, com cerca de 4 mm de comprimento e ovário de cor verde-claro e pouco piloso.
Frutos - morfologicamente, os frutos da algarobeira são vagens achatadas e mais ou menos curvas, com depressões entre as sementes, tendo em média 25 centímetros de comprimento dependendo da variedade. É composto por epicarpo coriáceo, de cor amarelo-claro; mesocarpo carnoso e rico em sacarose podendo atingir mais de 40%; o endocarpo é lenhoso e forma cerdas contendo as sementes a parte mais nobre do fruto, de onde é extraído o hidrocolóide. Porém, em estudos realizados por Gouveia, (2010), em regiões semiáridas do Estado da Paraíba, no Nordeste brasileiro, foram encontrados frutos com até 36 centímetros.