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UFPB desenvolve inseticida e repelente eficazes contra o mosquito da dengue

publicado: 06/02/2024 14h28, última modificação: 06/02/2024 14h28
Produtos encontram-se em fase de finalização da liberação das patentes

Foto: Divulgação

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é responsável pelo desenvolvimento de um inseticida e um repelente a partir de óleo essencial extraído das folhas da planta nativa da caatinga e do cerrado Lippia gracilis, popularmente conhecida como alecrim do serrote e alecrim da chapada, que são eficazes para matar e repelir o Aedes aegypti e Aedes albopictus, ambos vetores da dengue. 

O estudo foi realizado pelo pesquisador Renan Leite, discente do curso de Biotecnologia, sob orientação da professora do Centro de Biotecnologia (CBiotec), Fabíola Nunes, responsável pelo laboratório, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), no Laboratório de Biotecnologia Aplicada a Parasitas e Vetores (Lapavet).

O produto foi desenvolvido a partir da extração, em laboratório, do óleo essencial das folhas da planta, por meio de um procedimento chamado destilação por arraste a vapor, que utiliza o vapor de água para volatilizar substâncias presentes em uma planta. Após a extração, é feita uma solução estoque e ocorre a diluição e o teste de várias concentrações até chegar à mínima, momento em que é possível eliminar o Aedes. 

A pesquisa foi iniciada em fevereiro de 2023 e, de acordo com Renan, a escolha da Lippia gracilis ocorreu devido ao fato dela chegar a produzir até 700% a mais de óleo essencial, utilizando metade da quantidade que seria usada para extração de outras plantas responsáveis pela produção de óleos essenciais. Em apenas 300g de folhas, o pesquisador conseguiu extrair 22ml de óleo, enquanto que a média para a extração é entre 1 a 5ml para cada 1kg de folhas. 

“Isso mostra que, além da ótima eficiência que o óleo essencial tem, precisando usar baixas quantidades do óleo para ter o efeito no Aedes, a planta tem uma grande eficiência para produção de óleo essencial comparado com outras plantas”, relatou o pesquisador.

A docente Fabíola Nunes explica que o Lapavet já possui uma tradição na pesquisa de inseticidas e repelentes oriundos de produtos naturais e sintéticos, com inúmeras plantas estudadas, agora incorporando a Lippia gracilis no portfólio, que alcançou, com sucesso, os resultados esperados. 

“Os mecanismos de ação envolvidos na morte dos mosquitos envolvem a morte celular e a diminuição da produção de óxido nítrico produzido pelos hemócitos. Mais estudos estão sendo realizados visando ampliar a compreensão desses mecanismos de ação”, explicou Fabíola. 

O projeto já rendeu diversos trabalhos científicos, apresentados em eventos regionais, nacionais e internacionais, chegando a receber uma “Menção Honrosa” na área de Drug Design and Discovery, Synthesis and Natural Products, pela comissão avaliadora do 2nd Brazil France Symposium on Medicinal Chemistry, que ocorreu em João Pessoa, em 2023.

O produto possui o fácil acesso como um dos principais benefícios, por se tratar de uma planta comum em duas grandes regiões do Brasil, com potencial de redução na contaminação do meio ambiente e de gerar emprego em toda a cadeia de produção. 

Pode ser utilizado como aerossol e líquido, para atividade inseticida. Como repelente, a aplicação é em uso tópico ou aerossol. Os produtos ainda não estão disponíveis para comercialização pois aguardam finalização da liberação de patentes.

“A oportunidade foi muito gratificante a partir do momento que levei a ideia para a professora Fabíola e ela aceitou desenvolver essa pesquisa comigo e me orientar. Tudo foi se desenvolvendo muito rápido, em quatro meses terminei a pesquisa referente ao Aedes aegypti e com dois produtos”, disse Renan.

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Texto: Vinícius Marantz
Edição: Aline Lins
Fotos: Divulgação
Ascom/UFPB