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UFPB adere a consórcio de ciência aberta para alavancar pesquisas em sustentabilidade
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) firmou acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para aderir ao Consórcio Nacional para Ciência Aberta, o CoNCiênciA, uma iniciativa que visa promover práticas de compartilhamento público de dados de pesquisa e outros princípios da Ciência Aberta. O Reitor da UFPB, professor Valdiney Gouveia, e o presidente do CNPq, Ricardo Galvão, assinaram o termo de adesão, publicado no Diário Oficial da União no dia 23 de julho.
Em linhas gerais, a ciência aberta é um movimento que busca tornar o processo científico mais transparente, acessível e colaborativo, promovendo a livre disponibilidade de dados, métodos e resultados de pesquisas e facilitando o compartilhamento de conhecimento. A participação de muitos pesquisadores é, assim, necessária para fortalecer o movimento.
Esse modelo de ciência vem sendo implementado, na Paraíba, pelo projeto DATAPB, um sistema de curadoria de dados com foco em sustentabilidade e abordagem transdisciplinar que já está disponível para a criação de contas e depósitos de dados que tenham aplicabilidade no tema da sustentabilidade. O projeto é sediado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA) do Campus IV, em Rio Tinto, e co-financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq) e pelo Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento Sustentável (IRD).
Segundo o professor Guilherme Ataíde Dias, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) da UFPB, o DATAPB fará uso dos identificadores de objeto digital (DOIs, na sigla em inglês) disponibilizados pelo CoNCiênciA para operacionalizar o repositório de dados. Os DOIs identificam um objeto digital de forma semelhante à identificação inequívoca que o CPF faz de pessoas físicas. As instituições consorciadas ao CoNCiênciA vão obter os DOIs por meio do CNPq, em vez do modelo tradicional de negociação com a instituição estrangeira que emite o código. Isso centraliza o processo na entidade federal, tornando esta aquisição mais barata e menos burocrática.
“Nosso repositório segue os princípios do FAIR [do inglês Findable, Accessible, Interoperable e Reusable] da ciência aberta. A sigla significa que os dados devem ser encontráveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis. A publicação dos dados será realizada com um DOI vinculado, garantido ao pesquisador os devidos créditos e citações e, inclusive, aumentando a visibilidade e as citações potenciais”, explicou Dias.
O docente também aponta os benefícios dos DOIs em avaliações de desempenho dos centros de pesquisa e universidades aos quais os pesquisadores estão vinculados. “Isso tem impacto em bases de dados internacionais de cientometria: se a UFPB, por exemplo, gera muitos conjuntos de dados, está tendo produção científica, e isso possibilita uma avaliação positiva da Instituição ao redor do mundo”, pontuou o professor.
Ciência mais acessível
O desenvolvimento de uma segunda camada de ferramentas de ciência aberta no contexto do DATAPB está em andamento. Na nova fase do projeto, prevista para dezembro de 2024, ferramentas de inteligência artificial ajudarão os usuários, inclusive aqueles não familiarizados com estatísticas, a explorar e visualizar os dados, como explica o professor Rafael Raimundo, do Centro de Ciências Aplicadas (CCAE) da UFPB e coordenador do projeto.
“A ciência aberta se estende, enquanto paradigma, além da publicação de dados. Nós buscamos construir um modelo de pesquisa básica e aplicada baseada na ampla participação social e diálogo com os problemas sociais, econômicos e ambientais dos nossos territórios. Nesse contexto, também estamos promovendo uma mobilização com gestores, comunidades locais e professores da rede básica para que o projeto contribua em atividades de educação ambiental e também na tomada de decisões para elaboração de políticas públicas. Isso é uma prioridade para o nosso projeto”, detalhou Raimundo.
A rede de iniciativas que cresce em torno desse casamento da ciência aberta com a sustentabilidade abrange o ‘Biodiversidade da Paraíba’, mapeamento realizado por um grupo de mais de 60 pesquisadores, de 15 instituições de pesquisa nacionais e internacionais, e que é apoiado pelo Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (PRONEX) do CNPq/Fapesq-PB.
Conforme o professor Alexandre Vasconcellos, do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da UFPB e coordenador do mapeamento, mais do que permitir que a sociedade conheça a biodiversidade do Estado e sua localização no território paraibano, o ‘Biodiversidade da Paraíba’ tem o propósito de identificar qualidades farmacológicas e biotecnológicas dos espécimes. Essas descobertas e seus impactos socioeconômicos são, em grande parte, potencializados pelo caráter colaborativo da ciência aberta.
“A ideia é utilizar as ferramentas oferecidas pelo DATAPB para hospedar essas informações, criando uma grande biblioteca virtual acessível à sociedade. Isso permitirá unir esses dados a questões sociais e econômicas, ajudando na tomada de decisões para o desenvolvimento sustentável do nosso estado, e a atribuição dos DOIs no âmbito do ‘DATAPB’ e do ‘Biodiversidade da Paraíba’ vem sendo um grande facilitador da integração da comunidade científica em torno da ciência aberta. Isso facilitará a localização global dos dados online e garantirá a sua perenidade de consulta”, concluiu Vasconcellos.