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Pesquisa da UFPB comprova aplicabilidade de nova substância no tratamento da inflamação
A desenvolvimento de um novo fármaco para agir no combate à inflamação tem a participação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (PPGPNSB), vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB estudam a utilização de uma nova substância para o tratamento do processo inflamatório.
O composto promissor que pode ajudar neste tratamento é o 2-(3-hidroxi-2-oxoindolin-3-il) acrilonitrila, também conhecido pela sigla ISACN, que é obtido a partir de uma reação química chamada de Morita-Baylis-Hillman.
“O ISACN é uma substância derivada da isatina, um produto natural com várias ações biológicas descritas na literatura da área, incluindo ações no combate à inflamação. Outro grande diferencial é a sua forma de obtenção, uma vez que, por meio da reação de Morita-Baylis-Hillman, o ISACN é obtido em excelentes rendimentos e em curto tempo reacional”, explica a Professora Sandra Rodrigues Mascarenhas, docente do PPGPNSB que orientou a pesquisa com a substância.
No estudo, os cientistas induziram peritonite - inflamação da membrana que reveste o abdomem (peritônio) - em camundongos criados em laboratórios. Após a administração do ISACN, a redução na migração de células inflamatórias chegou a até 53%, dependendo da dosagem dada. Além dos testes realizados nos animais, outras técnicas confirmaram os efeitos anti-inflamatórios do ISACN.
“Realizamos muitos experimentos tanto in vitro como in vivo e utilizamos métodos experimentais avançados e muito bem estabelecidos e conceituados pela comunidade científica, como por exemplo a citometria de fluxo e a reação em cadeia da polimerase (PCR)”, afirma a Professora Sandra.
De acordo com Juliane Santos de França da Silva, pesquisadora do PPGPNSB proponente do estudo, a inflamação é uma reação natural do organismo necessária para a eliminação de agentes lesivos, mas se desregulada, exagerada ou na presença de um patógeno persistente, ela pode evoluir para uma inflamação crônica, o que representa um risco à saúde. Para diminuir esses riscos é que, atualmente, existe uma variedade de remédios que agem para aliviar a inflamação.
“No entanto, esses fármacos apresentam baixa eficácia e têm efeitos colaterais graves quando utilizados a longo prazo, o que tem encorajado o desenvolvimento de fármacos mais seletivos, toleráveis e eficazes”, afirma a pesquisadora.
Toda a pesquisa está descrita na tese de Juliane, que foi apresentada ao PPGPNSB em 2021, mas o estudo se tornou público apenas no primeiro semestre de 2023, já que se trata de uma preparação medicinal com pedido de patente em avaliação. De acordo com a legislação do tema, os proponentes de uma invenção a ser patenteada podem usufruir de sigilo de até 18 meses, quando, decorrido este prazo, o pedido se torna acessível a todos.
Conduzido no Laboratório de Imunobiotecnologia do Campus I, localizado no Centro de Biotecnologia (CBioTec) da UFPB, o estudo teve também a participação de outros cientistas da Universidade, como Cláudio Gabriel Lima Júnior, Deyse Cristina Madruga Carvalho, Éssia de Almeida Lima, José Marreiro de Sales Neto, Luiz Henrique Agra Cavalcante Silva, Mário Luiz Araújo de Almeida Vasconcellos, Rhuan Karlos Santos Mendes e Thayná Rodrigues Olegário.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) também colaboraram com o estudo, que contou com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a compra de materiais, reagentes e também para manutenção de equipamentos.