Docentes da UFPB vão ministrar seminários sobre carcinicultura e mandiocultura na República de Camarões

Entre os dias 06 e 20 de março, dois professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) participarão de atividades de ensino, pesquisa e extensão na República de Camarões (Cameroun). Os docentes Silvania Gomes Nascimento e Marino de Almeida Neto, do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros e Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), localizados em Bananeiras, ministrarão dois seminários no país africano, um sobre produção de mandioca e outro sobre carcinicultura.

Os seminários vão ocorrer nas cidades de Bafoussam, Yaounde e Mbankomo. Os servidores foram convidados pela Embaixada de Camarões em Brasília, diante dos 04 acordos de cooperação vigentes entre UFPB e Governo da República de Camarões. O Governo camaronês se responsabilizará pelas passagens aéreas internacionais, transporte local, vistos e hospedagem. Em ofício, o Embaixador de Camarões, Martin A Mbeng, agradeceu ao Reitor da UFPB, Prof. Valdiney Gouveia, pela cooperação da universidade com o povo camaronês.

Dentre o público-alvo das capacitações estão pequenos produtores, empresários, membros do corpo técnico do governo, políticos, dentre outros. Para Prof. Marino será a segunda visita ao país com vistas à realização de capacitação na área de carcinicultura, que é o cultivo de camarões em água doce ou água salgada. Apesar de eclético, é um público que, segundo o docente, tem bastante interesse em entender como o Brasil avançou e avança nessas áreas de produção e que deseja incorporar as práticas brasileiras.

Na primeira visita, que ocorreu de 14 a 25 de novembro de 2022, Marino palestrou sobre importantes assuntos para a carcinicultura, como planejamento da atividade, sistemas de cultivo, aplicações dos sistemas em níveis industriais, de subsistência e de aquicultura rural; manejo da qualidade de água, manejo alimentar, tecnologias existentes e outros temas.

“Fui muito bem recebido, muitos questionamentos, o pessoal gostou demais dos conhecimentos, agora é uma estrada longa, é um trabalho longo para que o objetivo de uma difusão dessa prática seja adotada. E requer o esforço do país, investimentos, treinamento, isso é um processo. Fico muito feliz que nesse processo os primeiros passos deles estão sendo dados com o apoio da UFPB, enviando seus especialistas para contribuir com o país”, disse o docente.

Com o sucesso de público e de repercussão do primeiro seminário, o professor Marino foi convidado a retornar ao país para mais um ciclo de capacitação e, conforme solicitado pelo Governo de Camarões, indicou a professora Silvania Nascimento para participar da missão, como especialista para difundir as práticas agrícolas de cultivo de mandioca. Ela vai ministrar o seminário “Mandioca: do Campo à Mesa”, que estará inserido no Fórum de Desenvolvimento da Cidade de Bafoussam.

Ela conta que além da troca de experiência na condução da cultura, o objetivo principal é demonstrar que práticas de campo aplicadas no sistema de produção irão interferir na qualidade do produto final destinado ao consumo in natura e no processo de industrialização.

“As expectativas são as melhores possíveis, dada a importância que o governo local e o Governo da República de Camarões têm demonstrado em proporcionar aos jovens e à comunidade do país oportunidades de desenvolvimento de capacidades e de produção, por meio do reconhecimento da que a agricultura, a pesca e a silvicultura fazem nesse processo”, disse Profa. Silvania Nascimento.

A professora Silvania diz que o conhecimento da realidade produtora do país foi consequência do processo de internacionalização promovido pela parceria de intercâmbio de alunos entre a l’Ecole Pratique d'Agriculture de Binguéla – EPAB, Camarões, com a Universidade Federal da Paraíba, junto ao Colégio Agrícola Vidal de Negreiros – CAVN, que recebeu no semestre de 2022.1, nos cursos de agroindústria e agropecuária, 10 alunos camaroneses.

Serão tratados no seminário temas como a origem e importância econômica e nutricional da mandioca, as etapas de produção da matéria-prima no campo, anatomia das raízes e a composição química capaz de aumentar o rendimento da cultura, além de como conferir padrão de qualidade aos produtos beneficiados.

“Vamos falar de aspectos ambientais e fisiológicos para o seu desenvolvimento e como interferem na qualidade do produto, como também a operação de colheita e beneficiamento. Neste último serão apresentados as potencialidades de uso da fécula da mandioca, a exemplo de produtos famosos no Brasil como a tapioca e o bolo de mandioca”, disse a docente.

A programação da atuação dos professores da UFPB em Camarões inclui ainda participação no Fórum de Desenvolvimento da cidade de Boufassam, visita à embaixada do Brasil, audiência na Câmara de Agricultura, Pesca, Pecuária e Florestas, participação em cerimônia de assinatura de projeto de sustentabilidade e adaptação tecnológica para uma expansão da produção de mandioca em Camarões, audiências no Ministério de Relações Exteriores e na Agência de Promoção de investimento, dentre outros.

De acordo com a professora Silvania, a multiplicação rápida de propagação vegetativa da mandioca é uma tecnologia que tem despertado interesse dos agricultores, principalmente de base familiar. Dessa forma, adaptar essa tecnologia às condições edafoclimáticas locais de Camarões, com alternativas viáveis e de custos mais acessíveis à realidade dos produtores, será apresentado como projeto a ser executado e a UFPB contribuirá com o apoio técnico dos seus docentes qualificados.

Na percepção do professor Marino de Almeida as características geográficas e climáticas de Camarões se assemelham ao Nordeste do Brasil, e o fato do país africano buscar na UFPB o direcionamento e soluções para o problema do país demonstram o protagonismo da Universidade em nível internacional.

A professora Ana Berenice Martorelli, Diretora de Relações Interinstitucionais da Agência de Cooperação Internacional da UFPB (ACI), destaca que a intenção da Universidade em desenvolver cooperações técnicas que apoiem países em desenvolvimento no sul global.

“A ACI tem como um dos seus objetivos desenvolver projetos e parcerias no eixo Sul - Sul, particularmente com a África. A UFPB, por meio dos convênios com a República dos Camarões, participa na capacitação dos profissionais camaroneses, colaborando assim com o desenvolvimento do país”, disse.  

***
Reportagem: Elidiane Poquiviqui
Edição: Aline Lins
Foto: Divulgação